O sabor de Piauí
Guilherme Henrique da Silva
O colorido alaranjado sobre as copas verdes das árvores é o maior presente que as famílias de cajueiros poderiam ter neste ano de 2017. Os produtores de caju, nos últimos anos, tiveram muitos prejuízos devido à seca e, desse modo, a produção caiu significativamente desde 2012. No entanto, a safra deste ano foi dada como a maior dos últimos cinco anos no estado.
O Piauí é o maior produtor de caju da região Nordeste e a cidade de Santo Antônio de Lisboa, conhecida como a capital do caju, é responsável pela maior produção da fruta no estado. Desde 1970, a cidade passou a experimentar grande avanço em sua economia, em razão do cultivo dessa maravilhosa fruta.
De acordo com a Central de Cooperativas de Cajultores do Piauí (Cocajupi), em 2011, cerca de 55% da área plantada foi perdida e isso causou um prejuízo absurdo. A partir daí, a produção de caju entrou em declínio, sendo o ano de 2016 o pior, principalmente, pela falta de chuvas.
Já em 2017, o cenário teve uma melhora. Como um grande presente para os produtores, no mês de setembro, foi realizada a colheita de cajus, com muita qualidade e sem nenhum sinal de praga. “Estamos focados que vamos ter uma safra diferenciada dos cinco anos anteriores”, disse Benoni Gregori, produtor de caju.
O estado é muito famoso pela fabricação de compotas e doces caseiros, inclusive, o doce de caju. Essas diversas formas de utilização, bem como a exportação, são o que fomenta a economia da região. A castanha também é industrializada e usada no complemento de bolos, cremes e até frigideiras salgadas e vendidas no quilo.
Dotes de uma doceira
Marina Alves, 45, mais conhecida como Nina, é uma doceira de mão cheia. Há 10 anos, ela trabalha vendendo doces de caju em compotas caseiras. Muito experiente, a quitandeira já conquistou seus clientes e sustenta os filhos e a casa apenas com o dinheiro de suas vendas, provando que a piauiense é muito boa no que faz. “Cresci, assistindo a minha querida mamãe fazendo, em grandes quantidades, esse doce. Fazia em panelões imensos e cozinhava o dia inteiro, mexia até dá o ponto. Ela fazia para mandar para a capital, para as irmãs e comadres que esperavam ansiosas pelos doces de caju, goiaba e de leite”, conta.
Nina não deixou a tradição morrer, e em sua memória está gravada a paixão com que sua mãe cozinhava. “Hoje eu tive um dia bem nostálgico ao lembrar do prazer com que ela preparava essas coisas tão gostosas e que eu tenho tão claras na minha memória”, comentou emocionada.