Roraima: berço de cultura esquecido
Laryssa Gomes
Demarcado por raízes indígenas, fundamentais para a cultura local, Roraima acaba sendo esquecida pelo resto do país devido à distância e aos costumes típicos que se destoam do resto do país. Além de ser o estado menos populoso, ainda há a dificuldade da adaptação de quem vai para lá em busca de experiências ou a trabalho. Além do choque cultural, ainda há a questão da pouca infraestrutura, que acaba condicionando a produção econômica e cultural.
Norton Fernandes, 25, morou lá por 5 meses no ano de 2012 e conta como é a parte estrutural do local: "Estive em Boa Vista (capital) e Rorainópolis (município mais populoso, mesmo com seus aproximados 25mil). Roraima, por ser um estado pouco populoso, não tem tanta visibilidade governamental. Isso afeta diretamente a infraestrutura, que não é das melhores. Em Boa Vista existe a área central, que é planejada, possui prédios, belas praças, muitos monumentos e grandes comércios; no restante da cidade, em suma, há apenas moradias, sendo a grande maioria de má qualidade. Em muitos bairros quase não há saneamento básico, a maioria das casas é de palafita, existem poucas ruas asfaltadas e quase nenhum ônibus. Em Rorainópolis a infraestrutura é parecida. Existe um miolo bem pequeno (3 ou 4 quarteirões) no centro onde tudo é bem bonito e organizado, já o restante da cidade sofre com as mesmas precariedades da capital", salienta.
Mesmo em condições ruins, Norton comenta que a receptividade é grande e que parte disso se deve às tradições indígenas e a mistura de povos: "Apesar das más condições onde vivem, os roraimenses são muito abertos e receptivos. São pessoas simples, com fortes tradições indígenas com uma mescla do restante do país. Um ponto muito forte da cultura de Roraima é o artesanato, onde o costume é que as mães ensinem às filhas como criar bijuterias, tecelagem, estátuas indígenas, etc.", ressalta.
Mas a principal complexidade é a dificuldade de alimentação. Devido às condições climáticas e econômicas, a culinária local é reflexo dessa combinação e acaba por impactar o turista ou imigrante do estado: "Minha principal dificuldade em me adaptar lá foi com a comida. Apesar da grande mistura de seus antepassados, a cultura indígena é forte e a forma com que o alimento é cozinhado e servido é diferente do que estamos habituados aqui em Minas. O arroz geralmente é papado, sem muito gosto. O feijão leva ervas e temperos locais, sendo bem fortes. Sobre a carne, o que predominam são a caça e o peixe, principalmente por pela baixa renda dos habitantes, a caça e a pesca são uma das principais atividades de renda aos ribeirinhos. É normal que os roraimenses comam tatu, paca, capivara, dentre outros. O peixe em Roraima, assim como em todo o Norte, geralmente é servido guisado ou assado", finaliza. Os pratos típicos são baseados no peixe, na tapioca e nas frutas locais.
Compreenda melhor como se dá a cultura local em Roraima: